Engarrafamentos, acidentes e poluição sonora são os principais transtornos causados aos moradores de Arcos (Centro-Oeste) pelo funcionamento do pátio de manobras da VLI Logística no perímetro urbano do município. A empresa opera a Ferrovia Centro-Atlântica (FCA).
Em busca de uma solução para o problema, deputados e autoridades locais cobraram da VLI a transferência do pátio para fora da área urbana, em audiência da Comissão de Transporte, Comunicação e Obras Públicas realizada, nesta quinta-feira (26/6/25), na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).
A reunião integra a programação do Tema em Foco, no Assembleia Fiscaliza, voltado para o monitoramento intensivo de políticas públicas no âmbito das comissões da ALMG.
O representante da VLI demonstrou abertura para a adoção de medidas de curto, médio e longo prazo, mas ressaltou a necessidade de convergência com a prefeitura, o Ministério dos Transportes e a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), também representados na audiência pública.
Nesse sentido, foi pactuada uma reunião entre os envolvidos no próprio município, a princípio na primeira quinzena de julho, para tratar da questão. O encontro atende a provocação do deputado Alencar da Silveira Jr. (PDT), autor do requerimento para a audiência desta quinta (26).
O parlamentar destacou a necessidade de se iniciar uma mobilização urgente. “Não podemos mais aceitar o que tem acontecido com o pátio de manobras. Arcos não consegue conviver com essa situação. Precisamos de uma medida imediata, senão a cidade vai parar”, afirmou.
Os deputados Antonio Carlos Arantes (PL), Betinho Pinto Coelho (PV) e Adriano Alvarenga (PP) também se solidarizaram com a população de Arcos e apoiaram essa construção coletiva iniciada na audiência.
Pátio corta 14 bairros do município
O pátio da VLI situa-se em uma área próxima a importantes vias que interligam diversos bairros de Arcos. Manobras frequentemente obstruem acessos importantes para o centro da cidade, inclusive nos horários de pico, agravando os congestionamentos.
Falhas na sinalização e na proteção ao longo da linha férrea, que cruza 14 bairros, expõem pedestres a riscos constantes de acidentes. Uma adolescente veio a óbito, em 2022. A poluição sonora também compromete a qualidade de vida da população.
O prefeito de Arcos, Dr. Wellington Roque, reclamou do tratamento dispensado ao município, a despeito de sua importância econômica. Na cidade estão instalados a maior fábrica de cimento da América Latina e a maior fábrica de cal do Brasil, por exemplo, além do ramal ferroviário da siderúrgica CSN, interligado com o pátio da VLI.
A prefeitura já mapeou um terreno que pode desapropriar e oferecer como contrapartida para a transferência do pátio, segundo o prefeito.
Chamamento público
Luis Fillipe Melo, coordenador-geral do Ministério dos Transportes, informou que a prorrogação antecipada da concessão da FCA está avançando. Contudo, apesar da expectativa de realização dos investimentos necessários com recursos da renovação, a VLI já manifestou a intenção de devolver o trecho de 496 quilômetros de Arcos a Barra Mansa, no Rio de Janeiro. Dessa forma, o ministério estuda a sua melhor destinação, por meio de chamamento público.
Diferentemente de uma concessão, o chamamento prevê a exploração indireta do trecho por um investidor privado, mediante outorga por autorização. A ANTT está em fase de estruturação do edital.
José Osvaldo Cruz, gerente de Relacionamento Institucional da VLI, reafirmou que a empresa é sensível aos problemas causados em Arcos e está disposta a adotar ajustes imediatos para minimizar os impactos, como a proibição de manobras em horários de pico.
Outra solução que envolveria um prazo menor, frisou o gestor, seria a construção de uma trincheira na passagem de nível na região conhecida como Pulo do Gato, até a retirada do pátio do local, em uma segunda etapa.
Uma resolução definitiva para a mudança do pátio, no entanto, está relacionada a negociações mais complexas, que envolvem a renovação da concessão ou o chamamento público para novos investidores.
Requerimento assinado pelos quatro deputados presentes cobra providências por parte da ANTT e do Ministério dos Transportes para que, em qualquer um dos dois processos, seja obrigatória a localização do pátio de manobras fora do perímetro urbano.
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