O Ministério dos Transportes prepara para janeiro de 2026 o lançamento do edital do Corredor Ferroviário Minas–Rio, que ligará Arcos (MG) ao porto de Angra dos Reis (RJ), em um eixo estratégico de 703 quilômetros. O leilão está marcado para abril de 2026, abrindo oficialmente a disputa entre empresas interessadas em assumir um dos projetos ferroviários mais relevantes do novo ciclo de concessões no país.
O ramal — que inclui ainda uma shortline de 130 km entre Varginha, Três Corações e Lavras — representa uma das apostas do Governo Federal para reativar trechos subutilizados da antiga Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), antes administrada pela VLI. O trecho Barra Mansa–Angra, por exemplo, encontra-se hoje com baixo tráfego e demanda investimentos estruturais para retomar sua capacidade, já que está sem operação desde 2010 e tem estimativa de investimentos de R$ 417,5 milhões.
Embora o novo modelo de chamamento público não fixe valor mínimo de investimento, os estudos preliminares do Ministério dos Transportes indicam que a recuperação total da malha — incluindo via permanente, obras de arte especiais, material rodante e intervenções ambientais — deve mobilizar mais de R$ 1 bilhão ao longo do contrato de 99 anos.
Só a shortline entre Varginha e Lavras, desativada desde 2011, já tinha estimativa anterior de R$ 449,6 milhões em investimentos. A reativação do trecho Barra Mansa–Angra também exigirá alto volume de recursos em túneis, pontes, estabilização e correções de traçado. Na versão atualizada, caberá ao autorizatário vencedor apresentar seu plano de negócios e definir quanto investirá — modelo que busca atrair operadores ferroviários especializados e players logísticos de longo prazo.
Maior investimento da história ferroviária: R$ 140 bilhões
Para atrair investidores, o governo realizará duas rodadas de apresentação do projeto em Varginha (MG) e Barra Mansa (RJ). A estratégia busca estimular operadores privados, fundos logísticos e grupos ferroviários internacionais. O Corredor Minas–Rio integra a Política Nacional de Outorgas Ferroviárias, que prevê: 8 leilões até 2026, mais de 9 mil km de ferrovias e estimativa de R$ 140 bilhões em investimentos. Segundo o ministro dos Transportes, Renan Filho, trata-se da “maior carteira ferroviária da história recente do país”. O objetivo é reduzir custos logísticos, ampliar a competitividade da indústria e criar corredores de exportação mais eficientes, especialmente para o agronegócio e a siderurgia.
O corredor e sua função econômica
Além da carga tradicional (minério, cimento e clinquer), o corredor deverá movimentar café, contêineres, produtos siderúrgicos e carga geral. Para o Sul Fluminense, onde está a ligação com a malha da MRS, o projeto representa a oportunidade de reativar a vocação ferroviária da região e ampliar o escoamento industrial por Angra.
Arcos (MG) – polo de mineração e cimento
Lavras e Varginha – forte produção agrícola, especialmente café
Barra Mansa e Volta Redonda (RJ) – eixo siderúrgico e metalmecânico
Angra dos Reis (RJ) – destino portuário estratégico
Como funcionará o chamamento público
O edital de janeiro oferecerá o corredor em cinco modalidades de lotes, permitindo que o governo negocie integralmente ou por trechos, dependendo do interesse do mercado. O chamamento terá outorga simbólica de R$ 1, com disputa apenas se houver mais de um interessado — vencendo quem oferecer o maior valor. O TCU acompanhará todas as etapas.
Lote 1 — 703 km (total)
Arcos – Barra Mansa – Angra dos Reis + Shortline Varginha–Lavras.
Lote 2 — 573 km + 130 km
Arcos–Angra (573 km) e shortline separada (130 km), desde que haja vencedor para o trecho principal.
Lote 3 — 516 km
Varginha – Lavras – Barra Mansa – Angra. (Arcos–Lavras só é oferecido se houver vencedor deste lote.) Nos demais lotes, o processo segue com subdivisões, sempre priorizando quem assumir o maior trecho.
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